Cálculo de uma Parábola
para ANTENAS FOCAL POINT, FOCAL FEED po PRIME FOCUS
Atualizada em 03/11/2011
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reproduzidos com alterações dos originais
do mestre Geraldo Paiva
no seu site BandaKu
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Parábolas e Parabólicas
Para se construir uma antena parabólica ou uma antena de
moldagem esférica é necessário que alguns conceitos geométricos sejam
recordados. É o que buscaremos fazer agora.
1.PARABÓLICA, PARABOLÓIDE, ESFÉRICA, ESFERÓIDE, SIMÉTRICA, ASSIMÉTRICA
Muitos têm sido os técnicos instaladores de antenas, os robistas, os
interessados em TV satélite FTA, que navegam em meio a uma série de dúvidas
com respeito às antenas mais comumente conhecidas para recepção de TV
satélite e genericamente chamadas de parabólicas.
Diante de muitas dúvidas suscitadas nos meios robistas, sobretudo da parte
daqueles que iniciam a sua exploração sobre a recepção de sinais de TV
Satélite, este sítio de Internet, dentro de sua linha de promover a
disponibilização de material educativo, decidiu por elaborar este artigo
técnico, objetivando clarear alumas eventuais dúvidas que ainda pairam no
meio daqueles que fazem parte de grupos de discussão.
Nós não vamos enfocar a transmissão e recepção profissionais, mas tão
somente a recepção doméstica e, desta forma, a linguagem utilizada será
sempre aquela que possa ser entendida nessa aplicação e com as
características técnicas que essa aplicação possa exigir. Além disso, a
despeito de este sítio ser voltado para banda ku, vamos centrar nosso
material, com seus exemplos, nas antenas maiores, destinadas à banda C.
Uma antena é dita parabólica por ter a sua forma construtiva derivada de um
parabolóide de revolução gerado a partir de uma curva que foi traçada por
uma função parabólica. Sua caraterística é que possui um único ponto para
onde convergem os sinais refletidos pela sua superfície e só aproveita
eficientemente os sinais cuja frente de onda a atinge paralelamente ao seu
eixo..
Uma antena é dita esférica por ter a sua forma construtiva derivada de um
esferóide de revolução gerado a partir de uma curva que foi traçada por uma
função esférica. Sua caraterística é que possui múltiplos pontos para onde
convergem os sinais refletidos pela sua superfície e aproveita, por sua
vez, todos os sinais cuja frente de onda a atinge proveniente de múltiplas
direções. Para um leigo, não faz diferença se a antena é parabólica ou
esférica. Seguramente ele atribuirá a ela sempre o nome de parabólica,
porque não é fácil distinguir, quando muito se assemelham.
As antenas parabólicas (as parabólicas verdadeiras e as esféricas) são
denominadas simétricas se a sua conformação construtiva segue 360 graus do
parabolóide ou do esferóide de revolução. No entanto, a antena esférica,
mesmo simétrica quanto à superfície do esferóide de 360 graus, terá
assimetria quanto aos seus focos, individualmente observados. Uma antena
parabólica ou esférica assimétrica propriamente dita é aquela que aproveita
apenas parte do parabolóide ou do esferóide de revolução, na sua
construção. Essas parcelas de parabolóides ou de esferóides podem ser
circulares ovais, quadradas, retangulares, ou podem ter outra modelagem que
se queira.
Colocadas essas considerações iniciais, situada a antena parabólica
simétrica na variedade de antena existente, vamos nos ater apenas a essa
antena, iniciando-se pelo traçado geométrico da mesma.
2.COMO SE DETERMINA A CURVATURA DA SUPERFÍCIE DE UMA ANTENA PARABÓLICA
SIMÉTRICA?
Apesar de parecer extenso este artigo, entendemos necessário descer o véu
que naturalmente cerca um assunto técnico dessa natureza, de interesse
quase sempre de robistas. Primeiramente, vamos conhecer a fórmula da qual
deriva a geometria de nossa parabólica simétrica. A função f(x) = ax2+ bx +
c é de uma parábola. Como não vamos descer a detalhes de formulações
matemáticas - não é nosso objetivo, vamos passar para a forma reduzida da
função f(x) que representa uma parábola e que nos interessa diretamente, ou
seja:
f(x) = y = x2/4f
A animação abaixo, sem nos preocuparmos com graduação de escala no plano
cartesiano, dá-nos uma idéia de como podemos traçar uma curva parabólica
simétrica, a partir da função reduzida mencionada anteriormente. Nada tendo
a ver com a plotagem simplesmente, já estamos nos adiantando e incluindo
conceitos aplicáveis à antena parabólica, como distância focal,
profundidade, diâmetro e relação foco/diâmetro.
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Fig. 01 - Traçando uma parábola |
3.PARABOLÓIDE DE REVOLUÇÃO E ANTENA PARABÓLICA SIMÉTRICA
Se, depois de plotarmos uma curva de uma parábola simétrica como na
animação acima, fizermos com que essa curva gire em torno do eixo vertical
y, a superfície assim gerada é denominada parabolóide. A construção de uma
antena parabólica simétrica deriva da aplicação do parabolóide de revolução
que possui um ponto focal localizado em algum lugar geométrico do eixo y. A
figura abaixo mostra um parabolóide de revolução gerado da forma descrita
anteriormente.
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Fig. 02 - Parabolóide |
4.CONCEITO DE PROFUNDIDADE APLICADO À ANTENA PARABÓLICA
Observamos que as formas construtivas das antenas parabólicas são
diversificadas. Para um mesmo diâmetro, podemos ter antenas mais profundas
e antenas menos profundas. As figuras abaixo, também de parabolóides de
revolução, dão-nos idéia dessa variação de profundidade e, nessa
consideração, vamos conceituar uma antena com rasa e outra como profunda.
Vamos utilizar os parabolóides de revolução para exemplificar o conceito.
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Fig. 03 - Superfície
de uma antena profunda |
Fig. 04 - Superfície
de uma antena rasa |
Queremos deixar claro que as figuras acima de parabolóides de revolução
lembram antenas parabólicas, mas não são antenas parabólicas e as usamos
para fins didáticos apenas.
5.ANTENA PARABÓLICA TIPO PONTO FOCAL E SUA ILUMINAÇÃO
As antenas parabólicas simétricas derivadas do parabolóide de revolução
exemplificado acima são construções que aproveitam as propriedades
geométricas inerentes e a refletividade de sua superfície às ondas
eletromagnéticas que chegam até ela, concentrando-as num único ponto
denominado ponto focal, onde se coloca um elemento denominado iluminador,
alimentador, que tem a função de recolher, de captar, o sinal dos satélites
que caminham pelo espaço como ondas eletromagnéticas. A figura, a seguir,
dá-nos uma visão de como se dá a reflexão dessas ondas, representadas por
raios unitários que, depois de refletidos pela superfície parabólica,
redirigem-se para o ponto denominado focal, onde está o iluminador, o
alimentador.
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Fig. 05 - Iluminação de uma
superfície parabólica - ponto focal |
6.EFICIÊNCIA DE ILUMINAÇÃO, PROFUNDIDADE E INTERFERÊNCIA TERRESTRE
Se a totalidade dos raios (estamos aqui representando as ondas
eletromagnéticas por raios), depois de refletidos, atingissem e iluminassem
ou alimentassem o elemento iluminador, o elemento alimentador colocado no
ponto focal, diríamos que a eficiência de iluminação da antena seria de
100%. As antenas parabólicas de superfície telada têm, em média, uma
iluminação de 55%, ou seja, sua eficiência de iluminação é adotada como
sendo 0.55 . As antenas sólidas, de superfície fechada, têm uma eficiência
de iluminação maior e pode chegar a 80%. A eficiência de iluminação vai
depender do tipo de superfície refletora, da perfeição geométrica da
conformação parabólica e da profundidade da antena, basicamente. Antenas
mais rasas têm a possibilidade de melhor iluminar o iluminador ou
alimentador, embora sejam mais susceptíveis às interferências terrestres,
as frentes de ondas eletromagnéticas que atingem lateralmente a antena,
cujas fontes são diversas e a mais representativas, os enlaces de
microondas e
outras transmissões afins. Antenas mais profundas têm a inconveniência de
não iluminar satisfatoriamente o iluminador ou alimentador, nas antenas ponto
focal, embora sejam menos susceptíveis às interferências terrestres, por
oferecer às mesmas um certa barreira. As antenas profundas geralmente têm
um sub-refletor colocado no ponto focal e o iluminador ou alimentador
colocado abaixo desse sub-refletor. São as antenas tipo Cassegrain e as
Gregorianas. Sua utilização é mais técnica, nas repetidoras, e
transmissoras e não nas recepções domésticas de apenas TV (TVRO).
A PRÁTICA NA PRÁTICA
7.DADOS DO PROJETO DE UMA ANTENA PARABÓLICA PARA SE ENTENDER UMA PARABÓLICA
Nada melhor para se conhecer uma antena parabólica do que projetar uma
telada simétrica e do tipo ponto focal. Vamos usar, nesse objetivo, o olho
prático na escolha de alguns parâmetros.
Vamos considerar que se queira uma antena para receber satisfatoriamente um
sinal de satélite irradiado numa localidade com a potência isotrópica
efetiva de 40 dBw, polarizado no plano vertical (polarização linear) e
banda C. Se consultarmos algumas Tabelas, vamos verificar que necessitamos
de uma antena com um diâmetro de, aproximadamente, 2 metros. Então, já
temos o diâmetro. Não se esqueça que falamos acima sobre a eficiência de
iluminação de uma antena telada: 55%. Temos, então e também, a eficiência
de iluminação da antena que é 0,55.
Poderíamos partir por outro caminho: verificar o ganho necessário da
antena, para uma recepção satisfatória de 40 dBw de EIRP e, em função da
frequência, da eficiência de iluminação e do ganho necessário, determinar o
diâmetro. Mas, o diâmetro está escolhido: 2 metros. Falta escolher a
relação f/D (foco/diâmetro) da antena.
Já verificamos que uma antena muita rasa fica vulnerável à interferência
terrestre e uma antena profunda tem uma certa dificuldade técnica na sua
iluminação. Assim, dentre as relações f/D usuais, vamos escolher, por
exemplo, 0.36, ou seja f = 0.36 x D (foco = .72 m).
Voltando um pouco acima, verificamos a fórmula y = x2/4f. Essa será a
fórmula a ser usada para o traçado da curva parabólica que servirá para
conformar as nervuras da antena. Na fórmula, vamos variar x de 0 a 1 ( 1 é
o raio da antena) e f (0.72m) será multiplicado por 4. Assim, teremos y =
x2 dividido por 2.82 ou y = x2 / 2.82 .
De posse dessa fórmula, usando-se uma traçador ajudado por computador ou um
papel milimetrado para um traçado manual, ter-se-á a curva gabarito para
conformação das nervuras da antena. Então, é partir para o processo de
fabricação da antena.
Já que a antena pode ser fabricada com os parâmetros escolhidos, qual seria
a profundidade calculada dessa antena?
A profundidade da antena, como vimos, é medida do fundo da antena à sua
borda diametral. Então, a profundidade é medida no ponto onde x assume o
valor do raio que é 1, no nosso caso e, nessa consideração, o valor de y
para x= 1 é o valor da profundidade, ou 35,5 cm.
Antena calculada, desenhada, construída, vamos passar diretamente ao local
geométrico para onde deve convergir o sinal polarizado, ou seja o ponto
focal da antena, onde vai estar o iluminador, o alimentador, acoplado ao
seu LNB/LNBF e que necessitam de ajustes.
8.PARÂMETROS E PRÁTICAS DE AJUSTE DO ALIMENTADOR/ILUMINADOR
A figura que disponibilizamos, a seguir, procura evidenciar os parâmetros
dimensionais para fixar e ajustar o conjunto iluminador no ponto focal, de
forma correta e eficiente.
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Fig. 06 - Ajustes entre disco
escalar e guia de onda tubular
LNB banda C |
Na figura, vemos um conjunto LNBF (amplificador de baixo ruído integrado ao
feeder (alimentador), inserido em um disco de anéis escalares. Geralmente,
o corpo do iluminador, guia de ondas, vem com uma marcação que tem a
finalidade de fixá-lo na posição correta, em relação ao disco escalar. Essa
marcação pode variar de .32 a .42, adimensionais que representam relações
f/D (distância focal dividida pelo diâmetro da antena).
O conjunto está fixo em um suporte no topo de uma haste, bengala, que pode
sofrer giro. Observamos, ainda, uma marcação de um ponto virtual que seria o
centro de fase do guia de onda, geralmente, para Banca C, localizado entre
6.0 e 6.5 mm (1/4") da boca do guia de ondas. Na figura, marcaram-se 6 mm.
A distância entre esse centro de fase (virtual) e o fundo da antena (disco)
deve ser numericamente igual à distância focal da antena. Nesse caso, a
boca do guia ficará 6 mm abaixo do ponto focal que coincide com o centro de
fase do guia de ondas. É importante, o centro de fase do guia fica sobre o
foco da antena.
Uma outra distância a ser ajustada no conjunto é a que, na figura, está
identificada como distância "a". Ela dependerá da relação f/D da antena. Na
figura, há uma Tabela que dá a distância em mm e em polegadas. Selecione a
distância, de acordo com a f/D da antena. No ajuste, ou se mede a distância
a partir da boca do guia, ou se usa a marcação existente no corpo do guia -
quando existir, para ajustá-la. Trave então o corpo do LNB/LNBF na posição
devida. Esse ajuste está concluído.
Um final ajuste a ser feito é o do casamento da sonda vertical do LNB/LNBF
com o plano de polarização do sinal sendo recebido. Vamos ver, então, como
isso é feito.
9.AJUSTE E CASAMENTO DO PLANO DE POLARIZAÇÃO DO ILUMINADOR/ALIMENTADOR
Para que a máxima potência do sinal recebido do satélite seja transferida
para o LNB/LNBF, através das sondas ortogonais de captação presentes no
fundo do guia de ondas, torna-se necessário que as mesmas estejam no mesmo
plano de polarização do sinal, melhor dizendo, no plano de propagação da
componente elétrica do sinal. A figura logo abaixo esquematiza como o sinal
de polarização linear se propaga pelo espaço, estando a componente elétrica
do sinal em um plano vertical.

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Fig. 07 - Disco escalar Banda C com LNBF Banda
Ku inserido
Visão do disco escalar através da tela de antena banda C |
A Fig. 07 acima dá-nos uma aproximada idéia de como é visto o disco de
anéis escalares, com o observador posicionado por debaixo da antena.
A Fig.
08 abaixo esquematiza a visão genérica que se tem da sonda vertical, com o
ajuste do angulo de polarização em três distintas posições exemplificadas:
menos 59 graus, zero graus e mais 59 graus.
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Fig. 08 - Sonda vertical apontando três
direções diferentes |
O ajuste do ângulo de polarização pode ser feito de forma visual ou
seguindo valores calculados. De forma visual, quando se gira a haste que
suporta o conjunto iluminador ou, como se chama, a bengala. Gira-se a
bengala até que se observe, na recepção, o máximo de sinal. Depois de
verificar, em mais de um canal sintonizado, que a posição está correta,
trava-se o giro da bengala (LNB banda C - Em banda Ku, gira-se o próprio
LNBF).
A forma mais técnica é utilizar o valor do ângulo de polarização calculado
e coincidir a direção da sonda vertical com esse ângulo. Nos programas de
cálculo de direcionamento de antena numa determinada localidade, o ângulo
de polarização para aquele satélite, naquela localidade, é sempre fornecido
pelo programa.
Suponha-se que o ângulo seja menos 59 graus, ajusta-se a
sonda como indicado na figura acima. Se for mais 59 graus, a posição é
avançada 90 graus. Os satélites cuja posição orbital dada em longitude
oeste (W) e que estão à esquerda do observador do hemisfério sul, olhando
para o lado do equador terrestre, têm ângulo de polarização negativos.
Ao
contrário, os que estão à direita do observador, têm ângulo de polarização
positivos. Os satélites cuja posição longitudinal na órbita têm o mesmo
valor da longitude do local da instalação têm o plano de polarização na
vertical e o ângulo de polarização, nesse caso, é zero.
10.GANHOS DE ANTENAS PARABÓLICAS BANDA C E BANDA KU
O ganho de uma antena parabólica em relação a uma antena isotrópica pode
ser determinado matematicamente, através do uso de fórmula em que o ganho
se apresenta como função da frequência processada, do diâmetro da antena e
da eficiência de iluminação (eta).
A frequência vai depender da faixa de recepção de interesse
e, no cálculo do ganho, se utiliza uma frequência mediana da faixa.
O diâmetro será tanto maior quanto se necessite de um
determinado ganho.
A eficiência de iluminação vai depender da forma
construtiva, de sua conformidade com os traçados geométricos, da correção
de sua superfície refletora e da maior ou menor facilidade em ser o
conjunto focal iluminado pela frente de onda nele refletido, nele
concentrado.
Na figura apresentada, podemos verificar como varia o
ganho em função do diâmetro, em função da eficiência de iluminação (eta),
considerando-se as frequências medianas das bandas especificadas.
A fórmula reduzida abaixo será utilizada para o cálculo do
ganho de uma antena.
G = 10 x log [((3,14159 x d x f)2 x h) / 90000] onde:
G = ganho em relação
a uma antena isotrópica, em dBi
d = diâmetro, em metro
h = eficiência de iluminação, variando de 55% a 100%
f = frequência mediana, em MHz.
Normalmente, se requer de uma antena um ganho mínimo de 37 dBi, para que a
recepção ocorra de forma satisfatória, para EIRP mínimo de 38 dBw.
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Fig.
09 - Quadro mostrando ganhos de antena |
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