A Guerra dos Três Bs :

Ainda hoje os livros didáticos sobre História do Maranhão costumam reduzir o debate acerca do impacto da Independência do Brasil no Maranhão apenas a essas duas temáticas, as mais exploradas pela historiografia tradicional local. Desse modo, se pode dizer que estudos acerca da Independência do Brasil no Maranhão se restringe, na maioria das vezes, à “Guerra dos Três Bês”) e à questão da “Adesão do Maranhão à Independência”.

Sobre a “Guerra dos Três Bês”, que como ficou conhecida a disputa pelos espaços de poder no período da Independência, foi e ainda é largamente referida ainda hoje nos livros didáticos de História do Maranhão.

Cristalizado pela historiografia tradicional, principalmente nas obras de Mário Meirelles, Jerônimo de Viveiros e Raimundo Gaioso, a “Guerra dos Três Bês” reduz o debate sobre as disputas de poder no Maranhão a apenas três (Burgos, Bruce e Belfort) de tantas outras famílias atuantes no cenário político da época.

A Guerra dos Três Bês

AS FORTUNAS DA ELITE MARANHENSE

Os Belfort e os Gomes de Sousa, famílias já importantes na segunda metade do século XVIII, enriqueceram com a inserção econômica da região. Para tanto, as alianças matrimoniais foram peça chave. Citamos apenas um exemplo: uma das netas de Antônio Gomes de Sousa casou-se com Luís Antônio, filho de José Vieira da Silva, administrador por dezesseis anos da Companhia Monopolista de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Constatou-se que a aliança da parentela Belfort- Gomes de Sousa com os Vieira da Silva foi fundamental para prosperidade econômica do grupo.

“Estrangeiros” fazem fortuna no Maranhão Pombalino"
Antonia da Silva Mota
Profa. Adjunta do Depto de História – UFMA

Do mesmo modo que as famílias Belfort, Gomes de Sousa e Vieira da Silva se uniram - e aqui incluo a família Ferreira - pelo casamento para a prosperidade, a divisão política também foi uma constante, sobretudo na Guerra da Independência quando as famílias "estrangeiras" e as "nacionais" se enfrentaram.

Uma maior participação da elite nacional constratava, no entando, com a presença maciça de uma burocracia portuguesa secular, detentora dos melhores cargos adminitrativos da colônia e diretamente ligada à metrópole. Por outro lado, em meio à organização do Estado existiu ainda uma estruturação da elite brasileira (Janotti, 1987) buscando defender seus interesses em meio às conquistas concretas dos grupos portugueses.

(...) A elite maranhense configurava-se dentro de uma divisão de poderes, que incluía os grupos portugueses, detentores dos melhores cargos administrativos, e os nacionais, geralmente voltados para negócios da lavoura de exportação (Gaioso, 1970)
Poder e Família no Maranhão nos Primeiros Decênios do Século XIX
Edyene Moraes dos Santos

Fazer parte de uma Família da Elite era o mesmo que está no centro do Poder.
A força política da parentela fica bem evidente quando do processo de Independência no Maranhão, onde ela se fez presente em todos os movimentos ocorridos. O primeiro governo independente do Maranhão, composto em meio a uma acirrada disputa política, acusa os nomes de José Joaquim Vieira Belfort, Lourenço de Castro Belfort, Antônio Raimundo Belfort Pereira de Burgos, Fábio Gomes da Silva Belfort, José Félix Pereira de Burgos, todos eles netos do irlandês e primos entre si. A Junta de governo compunha-se ainda de Miguel Inácio Freire e Bruce, família de origem escocesa, e Antônio Raimundo Lamagnère Galvão, parente por afinidade dos Belfort, sobrinho de Pedro Miguel Lamagnère.

O domínio da parentela Belfort-Gomes de Sousa-Vieira da Silva era tamanho nas lutas de Independência, que uma das revoltas, encabeçada pelo comandante da guarnição da vila de Rosário, localizada nas proximidades de São Luís, tinha por “objetivo tirar do governo de uma vez por todas, os Burgos, Bruces e Belforts. Estas escaramuças ficaram conhecidas no Maranhão como a Guerra dos três Bês”. (MEIRELES, 1980, p. 244)

A Guerra dos Três Bês foi protagonizada pela descendência de meus 8º Avós, Capitão Phillipe Marques da Silva e Dona Rosa Maria do Espírito Santo.

Pelos Burgos e Belfort
Lutaram os netos e genros de Dona Anna Thereza Marques da Silva, Matriarca da Familia Belfort, e os netos de sua irmã Dona Mariana das Neves, Matriarca dos Gomes de Sousa.

Pelos Bruce
O genro da outra irmã, Dona Maria Theresa de Jesus Marques,
Matriarca da Família Bruce.

Não devem ter sido tempos bons para nossos outros avós maranhenses porque nessa luta também estiveram presentes os Ferreira de Assunção Parga, os Gomes de Sousa e os Vieira da Silva.

1. JOSÉ FÉLIX PEREIRA DE BURGOS
Genro de Anna Theresa Marques da Silva e
Lourenço Belfort
2. LOURENÇO DE CASTRO BELFORT
Tenente.
Árvore de Costados
Filho do Sargento Mor Bernardino Pereira de Castro e de Dona Roza Maria Belfort. Neto paterno de Gaspar Pereira de Castro e Souza e de Dona Juliana Pereira Rodrigues. Neto materno de Lourenço Belfort e de Dona Anna Thereza Marques da Silva.

Fato Histórico
Participou ativamente da Guerra dos Três Bês, fazendo parte na nova Junta Governativa Provisória, instalada em 20 de Julho de 1823, ao lado dos seus parentes Coronel José Joaquim Vieira Belfort, Antonio Raimundo Pereira de Burgos, Fábio Gomes da Silva Belfort e José Félix Pereira de Burgos, eleitos pelo Itapecuru.

Dívida Activa
No Almanak de 1828, do Ministério da Fazenda, à Página S2-21, é citado como devedor de “Dívidas Activas da Junta da Fazenda da Província do Maranhão até o dia 31 Dezembro de 1827”: Ao lado de Antonio José de Souza, tendo como origem da dívida “subsídio nacional” no valor de 24:373$333. Sozinho, tendo como origem da dívida “meia siza dos escravos ladinos” no valor de 16:947$227.

Casamento
Casou-se com Dona Francisca Inácia, nascida em São Luís do Maranhão, 30 de Novembro de 1790, filha de Ricardo Belfort e de sua 2ª esposa, Dona Maria Isabel de Paula, neta de Lourenço Belfort. Com Geração.
3. MIGUEL INÁCIO DOS SANTOS FREIRE BRUCE
1º Presidente Constitucional da Província do Maranhão
Nomeado em 1824.
Dados Biográficos
Natural de São Luís.
Falecido em 26 de Julho de 1826.
Árvore de Costados
Filho do Dr. José dos Santos Freire e de Dona Sara Maria Bruce.
Fato Histórico
Guerra dos Três Bês

19 de abril – Retorna a São Luís o Tenente-Coronel José Felix Pereira de Burgos, agora nomeado Comandante das Armas por decreto imperial, disposto a tomar desforra dos que participaram de sua deposição.
Com o decorrer do tempo e as arbitrariedades de Burgos, formaram-se os partidos: Bruces e Belforts contra Burgos, este acusando os outros de articular com os pernambucanos a implantação da República; aqueles de que Burgos, juntamente com o Bispo e o Arcippreste Luz e Sá, patrocinavam a causa portuguesa, sonhando com a restauração do domínio lusitano.

O interior revolta-se com a anarquia reinante na capital, na chamada “Revolução de 1824”: Salvador de Oliveira, em Rosário, intitula-se “Comandante da Força Armada contra o Despotismo”, e manda ocupar o forte de Vera Cruz (Calvário); o Comandante de Peris estabelece-se na Estiva e o Icatu é ocupado pelo Sargento Valério de Souza; em Caxias o Capitão Clemente José da Costa manda de volta a São Luís o novo comandante da Tropa de Linha, o capitão Francisco Antônio da Costa Barradas, objetivando o movimento tirar de vez do governo Burgos, Bruces e Belforts.

Historia do Maranhão.Net
Índice dos Anais da Biblioteca Nacional
70 – 1950 - Página 103
Catálogo de Manuscritos sobre o Maranhão
Casamento
Casado, em 16 de Abril de 1796, em São Luís, com Dona Isabel Rita de Jesus Ferreira da Costa, filha de Vicente Ferreira da Costa e de Dona Maria Thereza de Jesus Marques.
Com Geração.
4. JOSÉ JOAQUIM VIEIRA BELFORT
Coronel

Dados Biográficos
Nascido em 4 de Março de 1770. Falecido em 28 de Setembro de 1838.

Árvore de Costados
Filho do Cirurgião Mor Leonel Fernandes Vieira e de Dona Francisca Maria Belfort. Neto materno de Lourenço Belfort e de Dona Anna Thereza Marques da Silva.

Fato Histórico
Participou ativamente da famosa Guerra dos Três Bes, fazendo parte da nova Junta Governativa e Provisória Constitucional, instalada em 20 de Julho de 1823, ao lado de seus parentes Lourenço de Castro Belfort, Antonio Raimundo Belfort Pereira de Burgos, Fábio Gomes da Silva Belfort e José Felix Pereira de Burgos.

Casamento
Casado, em 31 de Agosto de 1811, com sua prima, Dona Maria Tereza Teixeira, nascida em 1790, em Alcântara, e falecida depois de 1833, filha de Caetano José Teixeira e de Dona Rosa Maria Serra. Com Geração.

5. FÁBIO GOMES DA SILVA BELFORT
Comendador
Dados Biográficos
Nascido em São Luis.
Árvore de Costados
Filho de Filipe Marques da Silva e de Dona Ignácia Maria Freire Belfort. Neto paterno do Sargento Mor Antonio Gomes de Sousa e de Dona Mariana das Neves. Neto materno de Cirurgião Mor Joaquim da Serra Freire e de Dona Maria Magdalena Belfort. Bisneto paterno de Antonio de Sousa e de Dona Joana Gomes. Bisneto paterno do Capitão Phillipe Marques da Silva e de Dona Rosa Maria do Espírito Santo. Bisneto materno de Lourenço Belfort e sua 1ª mulher Dona Isabel de Andrade. Terceiro neto paterno de João Francisco da Silva e de Dona Mariana das Neves. Terceiro neto paterno de Antonio da Silva Carvalho e de Dona Ignácia da Silva Mello.

Foro de Fidalgo
Escudeiro e Cavaleiro Fidalgo da Casa Real por Mercê de 20 de Outubro de 1804.

Fato Histórico
Eleito, em 20 de Julho de 1823, Membro da nova Junta Governativa e Provisória Constitucional do Maranhão, por Itapecuru.
18 de outubro 1822 – A vila de São João da Parnaíba torna-se independente. A rebelião se estende por todo o interior obrigando a Junta a urgentes providências, ora em exaltadas proclamações prevenindo os maranhenses contra a enganosa demagogia dos que desejavam arrastar-nos à ruína, e enaltecendo a vantagem de continuarmos na comunhão lusitana; ora pedindo à Lisboa soldados e recursos para a defesa; ora enviando tropas para Carnaubeira (defronte de Parnaíba) e para o Brejo e nomeando o Tenente-Coronel Manuel e Souza Pinto de Magalhães Comandante-em-Chefe das forças reais, com quartel-general em Caxias. Nem a prisão do chefe rebelde, Leonardo de Carvalho Branco, nem a vitória do Governador-das-Armas, Major José da Cunha Fidié, no Jenipapo, a 13 de fevereiro de 1823, conseguiram tranqüilizar a Junta, pois a todo momento chegavam-lhe notícias más: os independentes do Piauí uniam-se aos maranhenses e todo o Itapecuru levantara-se em guerrilhas aos gritos de mata marinheiro! Sucessivamente S. Bernardo, Brejo, Pastos Bons, São José dos Matões, Manga do Iguará, Caxias e Rosário caíam em poder dos independentes sob as ordens de Fernando Mendes de Almeida, Domingos da Silva, o “Matruá”, Francisco Gonçalves Meireles, João Ferreira do Couto, José Dias de Matos, Sisnando José de Magalhães, Joaquim de Carvalho, João Ferreira do Couto, Domingos da Silva, todos ao comando geral de Salvador Cardoso de Oliveira, o verdadeiro herói de nossa emancipação. No entanto, tanto na organização da Junta Expedicionária no Itapecuru (20 de Julho), como na constituição do novo governo não houve lugar para Salvador de Oliveira! Formaram na primeira: o Brigadeiro José Pereira Filgueiras, Comandante do Exército Auxiliador; Manuel de Souza Martins, Presidente da Junta do Piauí, Coronel Joaquim de Martins, Governador-das-Armas do Piauí, Tristão Gonçalves Pereira de Alencar, da Junta do Ceará e Luís Pedro de Melo; participaram do segundo: o Governador-das-Armas João Felix Pereira de Burgos, Padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, Antônio Joaquim Lamagnere Galvão, Fábio Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo Belfort Pereira de Burgos. Mas, Salvador de Oliveira era esquecido! ele que, modesto negociante de gado no interior de Caxias, tivera sob suas ordens 2.000 sertanejos, voluntários armados de lazarinas, facões, chuços e lanças, e de vitória em vitória chegara às portas da Capital, sem patente de Milícias, Ordenanças ou Pedestres, ele que”conquistara seus galões de Alferes por sua bravura e por seu patriotismo”!

20 de Julho de 1823 - Instala-se a nova Junta Governativa e Provisória Constitucional composta de: Presidente: Advogado Provisionado Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce; Membros: Lourenço de Castro Belfort, Coronel José Joaquim Vieira Belfort, eleitos pela Capital, e o Padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, secretário; Antônio Joaquim Lamagnere Galvão, Antônio Raimundo Belfort Pereira de Burgos, Fábio Gomes da Silva Belfort, e José Felix Pereira de Burgos, eleitos pelo Itapecuru. Para Salvador de Oliveira não houve lugar!

13 de agosto 1823– Eleição da primeira Câmara Independente de São Luís, constituída de: Capitão-mor Rodrigo Salgado de Sá e Moscoso, presidente; Capitão Manuel Bernardes Lamagnere, José Tavares da Silva, Dr. Joaquim Vieira da Silva e Souza, Dr, Francisco Corrêa Leal, Tenente-Coronel Raimundo Ferreira de Assunção Parga e Antônio José Guilhon, vereadores, e Manuel Raimundo Corrêa de Faria, procurador.

História do Maranhão na Internet

Casamento
Casado, em 2 de Junho de 1816, com Dona Olímpia Amália de Macedo, filha de Roberto Joaquim de Macedo e Dona Francisca Maria Freire de Macedo, em Oratório da Fazenda de Dona Inácia Maria Freire Marques, na Freguezia de Nossa Senhora do Rosário do Itapícurú.
Com Geração.
6. JOAQUIM ANTONIO VIEIRA BELFORT
Neto de Dona Anna Theresa Marques da Silva e
Lourenço Belfort

7. SEBASTIAM GOMES DA SILVA BELFORT
Neto de Antonio Gomes de Sousa e de
Dona Mariana das Neves

8. FELIPE DE BARROS E VASCONCELLOS
Genro de José Vieira da Silva e de Dona
Anna Maria da Assunção.

9. JOÃO FRANCISCO LEAL
Genro de Francisca Maria Belfort,
filha de Dona Anna Thereza Marques da Silva e Lourenço Belfort.

10. ANTONIO NUNES DE SALES BELFORT
Descendente de Lourenço Belfort

11. RODRIGO SALGADO DE SÁ E MOSCOSO
Genro de José Antonio Gomes de Sousa e de
Dona Luiza Maria da Encarnação

12. JOAQUIM VIEIRA DA SILVA E SOUSA
Filho de Luis Vieira da Silva e de
Dona Maria Clara Gomes de Sousa

13. ANTONIO JOSÉ DE GUILHON
Cunhado de Henriqueta Cândida Ferreira,
filha de Miguel Ignácio Ferreira e de Dona Catharina de Senna Freire de Mendonça.

14. RAIMUNDO FERREIRA DE ASSUNÇÃO PARGA
Filho de Alexandre Ferreira da Cruz e
Mariana Clara de São José de Assunção Parga

15. MIGUEL IGNÁCIO FERREIRA
Meu 5º Avô

16. FERNANDO LUIS FERREIRA
Meu 4º Avô

17. MANOEL DE SOUZA PINTO
Genro de Lourenço de Castro Belfort

Fonte: http://familianahistoria.blogspot.com.br/2008/11/guerra-dos-trs-bs.html